Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões (1524-1580)
Esse sentimento ordinário que chega de mansinho vai penetrando por nossa mente, coração, corpo, alma. Decidimos ir com calma, devagarzinho, passo a passo, mas a paixão diz “porra nenhuma, eu quero é voar”, ela gosta de aventura, do sabor da adrenalina, do perigo então nem se fala. Quem não gosta de sentir uma paixão?
Paixão só é ruim quando não correspondido, mas ai parceiro se contente com uma coisa; a paixão dura pouco. E da mesma forma que ela chega sem avisar, ela parti sem nem ao menos percebermos, ou ela sai e dá espaço para o amor, um sentimento maior, mas que não quero lembrar dele agora, ou dá espaço para o vazio.
É ela é assim mesmo, mas não se abale com isso, lembre-se dos bons momentos quando ela esteve presente, lembre do beijo, do toque, da pele na pele, do abraço, do cheiro, das noites sem dormir pensando no outro, lembre das brigas e principalmente da reconciliação, lembre do fogo, da vontade, do prazer, tesão, loucura, lembre do frio na barriga, dos sonhos, das mudanças de planos, lembre de tudo, suspire e fique feliz por ter se apaixonado um dia. Isso é que vale.