Terra do nunca.

Onde é permitido sonhar.


10 de abril de 2011

Salvador, o que o turista não vê





Salvador não é apenas este cartão-postal, da janela do meu trabalho eu vejo esta vista, mas da porta dele a história é outra.









Ah, que bom você chegou
Bem-vindo a Salvador
Coração do Brasil
Vem, você vai conhecer
A cidade de luz e prazer
Correndo atrás do trio
Vai compreender que o baiano é
Um povo a mais de mil
Ele tem Deus no seu coração
E o Diabo no quadril

We are Carnaval
We are folia
We are the world of Carnaval
We are Bahia

Essa música é tocada no Carnaval de Salvador mais de 100 vezes por todos os trios que passam em todos os circuitos, a cidade fica entupida de turistas, normalmente as pessoas que vêem de fora para cá chegam todas contentes, gastam uma grana em abadas de blocos e camarotes. O povo baiano não é diferente, compra mesmo, tem gente que junta dinheiro o ano inteiro para sair no Chiclete com Banana ou com Ivete Sangalo. Já gastei dinheiro em bloco também, quando não tinha noção da vida, não tanto assim, mas já. Hoje gastar com isso é me fazer de imbecil, eu sei que não vale aquele valor absurdo, o cantor que eu sou “fã” (ainda bem que eu não sou fã de nenhum), não está ali porque quer prestigiar o seu público e sim porque está recebendo uma nota preta.
Sei que o carnaval já passou, não sou maluca, nem estou atrasada na informação, é que hoje estava eu dirigindo pela minha cidade pensando como ela é tão querida em datas festivas, mas ninguém vê quem realmente ela é, ela está suja praticamente o ano todo, o banco do Brasil aqui da rua, por exemplo, eu moro em um bairro central, onde tem escolas boas, conhecidas, perto de tudo, onde muitas pessoas de classe média morariam ou gostariam de morar, mas o banco está fendendo a urina e virou abrigo para mendigo dormir. Os buracos que vão se abrindo na pista por conta da chuva vão ficando e só são tapados perto do Carnaval, estranho não? Toda sinaleira onde você para por conta do sinal vermelho tem no mínimo três pessoas te pedindo dinheiro, agradeça por esta está pedindo, não te roubando, já passei por isso e foi horrível.
Fui a um bairro considerado “nobre” aqui em Salvador hoje, para quem já veio aqui se chama Caminho das Árvores, onde meu irmão mora, lá você encontra faixas de agradecimento a João Henrique (prefeito da cidade) pelas reformas e ajustes feitos nas ruas de lá. Nossa fiquei boba, vai aos bairros humildes e vê, sujeira, lama, ninguém vai lá ver o que estão precisando, segurança, nada. E mesmo assim eles reelegem um sacana desses, na rua do meu trabalho onde é ponto turístico da cidade há no mínimo quatro pessoas que ficam espalhadas pedindo dinheiro, onde você coloca o carro vem uns moleques te pedir 5,00, se você não der já imagine como estará seu carro na volta, se estiver lá.
Quando passamos pelo Porto da Barra no período do Carnaval é impressionante, tem duas viaturas fazendo ronda, policias rodando para proteger os turistas e quando o Carnaval acaba não se vê mais nada. Dando essa volta de carro também pensei que poderia ir andando ao trabalho e voltar de ônibus, seria uma atividade legal, mas depois vi que não daria certo, sabe por quê? Pois é extremamente perigoso.
Antes de preparar uma cidade para receber milhares de turistas, deveriam preparar a cidade para os soteropolitanos. Odeio quem vem aqui e pensa que só tem putaria, sacanagem, curtição, aqui tem muita pobreza, violência, crueldade, tráfico, políticos corruptos, sujeira, Salvador foi eleita a cidade mais suja do Brasil. Aqui todos nós somos feitos de fantoches esperando as festividades chegar, para recepcionar com um sorriso falso no rosto pessoas felizes, para quando forem embora todos voltarem para sua cidade que no momento perdeu sua luz e está cinza.

3 comentários:

Oi Larissa, comecei ler seu texto e fiquei pensando: escrevo ou não escrevo. Resolvi escrever e falar a verdade. Odeio mentiras. Sabe, espero que vc não deixe de me visitar mas essa é minha opinião: o turista vê Salvador como é.
Estive em Novembro em Salvador. Era minha segunda visita e fiquei com a impressão ainda pior do que da primeira vez. As praias são lindas (e foi só disto que eu gostei).
Como turistas, fomos abordados em cada esquina oferecendo coisinhas em troca de agrados ($). Quando recusei que uma baihana lesse minha mão, ela me chamou de mal educada pra baixo, como se eu tivesse OBRIGAÇÃO de querer o "serviço". O hotel que ficamos era caro pra caramba e deixava muito a desejar. As ladeiras do Pelourinho estava fedidas e o guarda nos desaconselhou a sair das ruas principais por conta dos drogados. Sim, eu sei, isso existe em todo o lugar. Mas a Salvador que eu ouço falar é muito diferente da Salvador que eu vi. Voltei dai com uma sensação péssima de que gastei meu dinheiro a toa. Fui abordada a todo momento, até no supermercado, onde uma mulher pediu pra que a gente pagasse o pão e a margarina. Esperaí! Não é porque sou turista que tenho que pagar pela conta dos outros... Enfim. Desculpe o desabafo. Não tenho nada contra os baihanos, de verdade. Mas minha última visinha a terrinha Santa, talvez seja a última mesmo. Beijocas (não fique com raiva de mim, ok?)
 
Oie Miga,

Adorei sua visita e tb estou te seguindo ........

Adorei o post e concordo plenamente ........

Beijus e boa semana,

Paty
 
Larissa, Boa Noite!
Eu nunca fui a Salvador, mas sempre tive vontade, e confesso que alguns amigos que já foram me descreveram o cenário que você menciona, principalmente sobre a sujeira.
Mas infelizmente Larissa, não é só na sua cidade que existe este marketing enganoso escondendo o lado podre e vergonhoso de cada local.
O ruim é que as pessoas se acomodam e acostumam com esta patifaria, mas é preciso fazer como você, se indignar e botar a boca no trombone sempre!!!
Boa semana.
Bjs
 

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